
Em 2010, se encerrará um período na história do PT. Não se trata apenas do resultado das eleições presidenciais. Trata-se de saber se o PT continuará a ser ou não o pólo aglutinador do campo democrático-popular no Brasil, papel que ocupamos desde 1989, pelo menos. Trata-se de saber, ainda, se o campo democrático-popular continuará polarizando ou não a luta política no país, lembrando que durante os primeiros 100 anos da vida republicana do Brasil (1889-1989), a esquerda nunca ou quase nunca ocupou este papel. Trata-se, finalmente, de saber se o governo Lula foi um breve hiato ou se abriu mesmo um novo período na história do Brasil.
Cabe à direção do PT, que será eleita nos dias 2 e 16 de dezembro, preparar o terreno para nossa vitória na batalha de 2010.
Se a nova direção conduzir com sucesso as eleições de 2008; se conseguir recompor o campo democrático-popular, reatando laços com os partidos de esquerda e com os principais movimentos sociais do país; se conseguir influenciar positivamente os rumos do governo Lula e dos governos estaduais dirigidos pelo PT; se conseguir reorganizar o próprio Partido, principalmente através do bom funcionamento das instâncias, da comunicação e da formação política; se conseguirmos atingir estes objetivos, então o PT terá criado as pré-condições indispensáveis ao lançamento de uma candidatura presidencial capaz de –em aliança com forças políticas e sociais de esquerda— disputar e vencer as eleições presidenciais de 2010.
Para que isso seja possível, precisamos de uma direção petista, democrática, com capacidade dirigente e socialista.
Durante vinte anos o PT elegeu suas direções nos encontros partidários. A partir de 2001, a eleição passou a ser direta. Este método tem suas vantagens, mas também possui dois grandes riscos, que devem ser apontados claramente: a influência da mídia e do poder econômico.
Também durante vinte anos, o presidente nacional do PT foi eleito pelos delegados ao encontro nacional do Partido. A partir de 2001, o presidente passou a ser eleito em voto direto e nominal. A eleição nominal tem um grande defeito: reforça o poder do indivíduo que é eleito para o cargo, em detrimento da chapa que o indicou, bem como em detrimento do conjunto da direção partidária e também do conjunto dos filiados.
Por isso, defendemos no 3º Congresso que o presidente do Partido voltasse a ser o encabeçador da chapa mais votada. Infelizmente, não houve condições de deliberar sobre esta e muitas outras propostas, que só serão debatidas em 2009. Desta forma, o processo de escolha dos presidentes do Partido em 2007 será o mesmo de 2001 e de 2005.
Fazemos questão de esclarecer, portanto, que nossa candidatura à presidência nacional expressa o projeto coletivo de milhares de petistas, militantes dos movimentos sociais, parlamentares, dirigentes de governos e construtores do Partido, atuantes em todo o país. E que nosso mandato de presidente estará submetido ao controle das instâncias coletivas: o Diretório e a Executiva Nacional.
Este compromisso democrático é uma necessidade. O PT está diante de enormes desafios, que só conseguiremos superar por meio do debate e da ação coletiva. Nenhuma tendência ou indivíduo dará conta, sozinho, destes desafios.
Por estas razões, consideramos fundamental que o PED seja marcado por um intenso debate de idéias, resultando num Diretório sem maiorias absolutas, fixas e presumidas. Que nenhuma tendência partidária, sozinha, tenha maioria garantida, para que as maiorias se formem por meio do convencimento político, como vem ocorrendo desde 2005.
Evidentemente, nossa candidatura a presidente participa deste debate afirmando posições claras acerca do PT, de seu programa, de sua estratégia e de sua tática. E defendendo um plano de trabalho para o Diretório Nacional que será eleito em 2007 e que terá mandato até o final de 2009.
Os principais pontos deste plano de trabalho são os seguintes:
1) vencer as eleições de 2008. Tais eleições terão dupla dimensão: por um lado exigirão do Partido resposta para as questões locais, que variam de cidade para cidade. Por outro lado, exigirão uma política nacional coordenada, capaz de enfrentar o cerco que os partidos de oposição e setores da coalizão de governo movem contra o PT. Esta política nacional deve respeitar a autonomia das instâncias municipais e não se confunde com a tentativa, que repudiamos, de reproduzir na política de alianças municipal o mesmo arco de partidos que integra o governo federal;
2) reorganizar o campo democrático-popular. Isto exigirá travarmos um debate de fundo com os partidos de esquerda e com os principais movimentos sociais do país, ao mesmo tempo em que devemos desenvolver ações comuns que reafirmem as bandeiras históricas da esquerda. Ganham destaque iniciativas como o Plebiscito da Vale, a luta pela reforma agrária, a democratização da comunicação social e a Conferência do Mundo do Trabalho, como definida pelo 3º Congresso;
3)disputar os rumos do governo Lula. Embora o presidente e importantes ministros sejam petistas, o PT reduziu sua influência sobre o segundo governo Lula. Muitas vezes, isso se fez em prejuízo dos compromissos assumidos com o povo brasileiro, no segundo turno das eleições de 2006. A próxima direção precisa ter um papel mais ativo na disputa de rumos do governo Lula. Inclusive na política econômica, onde seguimos considerando inaceitável a influência do grande capital financeiro, beneficiário de taxas de juros que já desviaram para a banca privada mais de 600 bilhões de reais, recursos que fazem falta nas áreas sociais e no desenvolvimento da infra-estrutura;
4)iniciar a construção de uma candidatura petista para a sucessão de Lula. O PT não deve sucumbir à idéia, reiterada pela direita e pela mídia, da inexistência de uma “candidatura natural” para disputar as eleições 2010, nem à avaliação de que não temos uma candidatura com a mesma força eleitoral do atual presidente da República.
O PT é o maior partido do Brasil. Um partido capaz de reunir as forças necessárias para derrotar a oposição (PSDB-DEM). Um partido que possui vários quadros preparados para presidir o país e coordenar o governo federal, não apenas para dar continuidade às experiências exitosas do governo Lula, mas também para aprofundar as mudanças num sentido democrático-popular.
Esta condição foi construída ao longo dos últimos 27 anos, na organização partidária, na luta social e nas disputas eleitorais, entre elas as de 1989, 1994, 1998, 2002 e 2006.
Eleições presidenciais que disputamos com candidatura petista, em várias delas enfrentando e derrotando as avaliações negativas que os setores conservadores sempre esgrimem contra o PT e contra o próprio Lula.
A escolha de nossa candidatura à presidência da República exigirá muito diálogo interno, com os movimentos sociais e com os partidos de esquerda. Exigirá disposição de unidade e concessão. Exigirá, também, muita firmeza em torno de duas idéias fundamentais: a) é o Partido, suas instâncias e seus filiados, quem decide; b) disputaremos as eleições presidenciais de 2010 com uma candidatura petista, que encabeçará uma coligação política e social democrático-popular.
Os mesmos que profetizavam que Lula nunca seria presidente, os mesmos que dizem que Lula foi eleito apesar do PT, os mesmos que vaticinaram que o PT não sobreviveria à crise de 2005, estes mesmos hoje dizem que o PT terá que abrir mão de suas “pretensões”.
Não podemos vacilar nesta questão. Sem arrogância, sem exclusivismo, sem baluartismo, mostraremos que as “pretensões” do PT foram forjadas nas ruas e nas urnas, nas lutas sociais e na ação de governo, no apoio popular e na força eleitoral.
5) desenvolver a campanha por uma Constituinte restrita e exclusiva. O sistema político-institucional brasileiro está vivendo uma profunda crise. A imensa popularidade de Lula e de nosso governo não devem servir para ocultar o outro lado da medalha: a tentativa de transferir para o Judiciário atribuições do Legislativo, a desmoralização dos políticos e da política frente a camadas cada vez mais amplas da população, a promiscuidade entre interesses públicos e privados que é revelada a cada escândalo de corrupção, o péssimo funcionamento de instituições como o Congresso Nacional, a contradição entre os princípios democráticos e o papel cumprido pelo Senado etc.
O 3º Congresso fez este diagnóstico e apontou uma solução: a convocação de uma Constituinte exclusiva e restrita aos temas da reforma política. No PED 2007, os filiados ao PT devem ser chamados a assinar um projeto de iniciativa popular, em torno de uma Emenda Constitucional que convoque a população a decidir sobre a realização desta Constituinte.
6) o bom funcionamento da comunicação, o que inclui a página nacional do PT na internet e o sistema de comunicação entre os dirigentes, mas também a imprensa partidária. Trata-se de cumprir o que foi decidido pelo 3º Congresso, realizando a conferência nacional de comunicação do PT e lançando o jornal do militante petista;
7) o bom funcionamento da formação política, o que inclui melhorar o funcionamento da Fundação Perseu Abramo e criar a Escola Nacional Apolônio de Carvalho. O que supõe vontade política de injetar recursos financeiros nas atividades de formação;
8) o funcionamento regular das instâncias, com reuniões periódicas do Diretório e da Comissão Executiva; reuniões periódicas com as bancadas do PT no Senado e na Câmara dos Deputados; reuniões periódicas com os petistas que ocupam cargos de direção no governo federal; reuniões periódicas com o presidente da República e com os governadores petistas;
9) um relacionamento intenso entre o Partido e os movimentos sociais, não apenas através de reuniões e ações comuns, mas também através do bom funcionamento das secretarias e coordenações setoriais do PT. Neste sentido, a próxima direção deve investir na realização de grandes Encontros Setoriais durante o ano de 2008, bem como de um grande Congresso da Juventude Petista. E deve assumir que as políticas setoriais são um assunto de interesse de toda a direção partidária, não apenas de quem está à frente das respectivas secretarias e coordenações;
10) a transparência na condução dos assuntos do PT, desde as filiações –que devem ser feitas sob controle do Partido e não de tendências e mandatos parlamentares— até as finanças. Neste caso, é preciso introduzir o controle coletivo da Secretaria Nacional de Finanças e Planejamento. É preciso ampliar os recursos do Partido, que ainda sofre os efeitos da crise de 2005 e dos métodos de gestão que nos conduziram a ela. É preciso, também, incorporar métodos de gestão que afastem o risco das relações inadequadas com financiadores e da manipulação inadequada, inclusive para a luta interna, de recursos partidários.
11) uma direção socialista. Um dos melhores resultados do 3º Congresso foi a reafirmação do caráter socialista do PT. Um socialismo internacionalista, radicalmente democrático, ambientalmente orientado, baseado num desenvolvimento planejado e na coexistência de diversas formas de propriedade, com claro destaque para a propriedade social, pressuposto de que as riquezas produzidas coletivamente pela sociedade sejam apropriadas também coletivamente por todos e todas.
A reafirmação do caráter socialista do PT, mesmo que tardia, chega em tempo fértil. Não apenas pelo que acontece na América Latina, onde devemos seguir trabalhando em favor da ruptura com o neoliberalismo e apoiando aqueles processos onde esta ruptura se faz em favor do socialismo. Mas principalmente devido ao que está acontecendo no Brasil, onde seguimos enfrentando uma dura disputa contra a hegemonia das idéias e dos interesses neoliberais.
Existem no PT aqueles que pretendem enfrentar esta disputa contra o neoliberalismo, a partir de valores como a “ética”, a “cidadania”, a “república“ e a “revolução democrática”. Respeitamos os que pensam assim. Mas, de nossa parte, entendemos que tais valores não são suficientes para orientar a ação dos que querem, não apenas derrotar o neoliberalismo, mas também derrotar o capitalismo. Por isso, trabalhamos para eleger uma direção comprometida com a construção de um Brasil e de um mundo socialistas.
Estas são as idéias fundamentais da plataforma de nossa candidatura à presidência nacional do PT.
Muitos companheiros e muitas companheiras poderiam encabeçar esta plataforma e assumir a missão de dirigir o PT. Escolhemos para esta tarefa o companheiro Valter Pomar, um quadro que iniciou sua militância política no final dos anos 1970, como tantos outros: lutando contra a ditadura militar e aprendendo com a tradição marxista, socialista e revolucionária, a que segue ligado até hoje.
Filiado desde os anos 1980, nosso candidato militou em núcleos de base, foi dirigente municipal e estadual, desempenhando tarefas organizativas, de formação e comunicação. De 1997 até 2005, foi terceiro vice-presidente nacional do PT. Foi secretário de Cultura na cidade de Campinas (SP) de dezembro de 2001 a dezembro de 2004. Em 2005, disputou a presidência nacional do Partido dos Trabalhadores, recebendo 42.911 votos (14,6% dos votos válidos), não tendo ido ao segundo turno por apenas 279 votos. Desde 2005, Valter Pomar está à frente da Secretaria de Relações Internacionais do PT.
A eleição para a presidência nacional de um quadro partidário como Valter Pomar significará que a base do PT quer incidir mais fortemente nos rumos do próprio Partido, na tática para as eleições 2008 e nas características do segundo governo Lula. Sinalizará ainda, de maneira inequívoca, que nosso Partido quer continuar sendo um partido antiimperialista, antilatifundiário, antimonopolista, comprometido com a democratização radical da sociedade brasileira. Enfim, de que o PT quer continuar sendo o principal partido dos socialistas brasileiros.
Cabe à direção do PT, que será eleita nos dias 2 e 16 de dezembro, preparar o terreno para nossa vitória na batalha de 2010.
Se a nova direção conduzir com sucesso as eleições de 2008; se conseguir recompor o campo democrático-popular, reatando laços com os partidos de esquerda e com os principais movimentos sociais do país; se conseguir influenciar positivamente os rumos do governo Lula e dos governos estaduais dirigidos pelo PT; se conseguir reorganizar o próprio Partido, principalmente através do bom funcionamento das instâncias, da comunicação e da formação política; se conseguirmos atingir estes objetivos, então o PT terá criado as pré-condições indispensáveis ao lançamento de uma candidatura presidencial capaz de –em aliança com forças políticas e sociais de esquerda— disputar e vencer as eleições presidenciais de 2010.
Para que isso seja possível, precisamos de uma direção petista, democrática, com capacidade dirigente e socialista.
Durante vinte anos o PT elegeu suas direções nos encontros partidários. A partir de 2001, a eleição passou a ser direta. Este método tem suas vantagens, mas também possui dois grandes riscos, que devem ser apontados claramente: a influência da mídia e do poder econômico.
Também durante vinte anos, o presidente nacional do PT foi eleito pelos delegados ao encontro nacional do Partido. A partir de 2001, o presidente passou a ser eleito em voto direto e nominal. A eleição nominal tem um grande defeito: reforça o poder do indivíduo que é eleito para o cargo, em detrimento da chapa que o indicou, bem como em detrimento do conjunto da direção partidária e também do conjunto dos filiados.
Por isso, defendemos no 3º Congresso que o presidente do Partido voltasse a ser o encabeçador da chapa mais votada. Infelizmente, não houve condições de deliberar sobre esta e muitas outras propostas, que só serão debatidas em 2009. Desta forma, o processo de escolha dos presidentes do Partido em 2007 será o mesmo de 2001 e de 2005.
Fazemos questão de esclarecer, portanto, que nossa candidatura à presidência nacional expressa o projeto coletivo de milhares de petistas, militantes dos movimentos sociais, parlamentares, dirigentes de governos e construtores do Partido, atuantes em todo o país. E que nosso mandato de presidente estará submetido ao controle das instâncias coletivas: o Diretório e a Executiva Nacional.
Este compromisso democrático é uma necessidade. O PT está diante de enormes desafios, que só conseguiremos superar por meio do debate e da ação coletiva. Nenhuma tendência ou indivíduo dará conta, sozinho, destes desafios.
Por estas razões, consideramos fundamental que o PED seja marcado por um intenso debate de idéias, resultando num Diretório sem maiorias absolutas, fixas e presumidas. Que nenhuma tendência partidária, sozinha, tenha maioria garantida, para que as maiorias se formem por meio do convencimento político, como vem ocorrendo desde 2005.
Evidentemente, nossa candidatura a presidente participa deste debate afirmando posições claras acerca do PT, de seu programa, de sua estratégia e de sua tática. E defendendo um plano de trabalho para o Diretório Nacional que será eleito em 2007 e que terá mandato até o final de 2009.
Os principais pontos deste plano de trabalho são os seguintes:
1) vencer as eleições de 2008. Tais eleições terão dupla dimensão: por um lado exigirão do Partido resposta para as questões locais, que variam de cidade para cidade. Por outro lado, exigirão uma política nacional coordenada, capaz de enfrentar o cerco que os partidos de oposição e setores da coalizão de governo movem contra o PT. Esta política nacional deve respeitar a autonomia das instâncias municipais e não se confunde com a tentativa, que repudiamos, de reproduzir na política de alianças municipal o mesmo arco de partidos que integra o governo federal;
2) reorganizar o campo democrático-popular. Isto exigirá travarmos um debate de fundo com os partidos de esquerda e com os principais movimentos sociais do país, ao mesmo tempo em que devemos desenvolver ações comuns que reafirmem as bandeiras históricas da esquerda. Ganham destaque iniciativas como o Plebiscito da Vale, a luta pela reforma agrária, a democratização da comunicação social e a Conferência do Mundo do Trabalho, como definida pelo 3º Congresso;
3)disputar os rumos do governo Lula. Embora o presidente e importantes ministros sejam petistas, o PT reduziu sua influência sobre o segundo governo Lula. Muitas vezes, isso se fez em prejuízo dos compromissos assumidos com o povo brasileiro, no segundo turno das eleições de 2006. A próxima direção precisa ter um papel mais ativo na disputa de rumos do governo Lula. Inclusive na política econômica, onde seguimos considerando inaceitável a influência do grande capital financeiro, beneficiário de taxas de juros que já desviaram para a banca privada mais de 600 bilhões de reais, recursos que fazem falta nas áreas sociais e no desenvolvimento da infra-estrutura;
4)iniciar a construção de uma candidatura petista para a sucessão de Lula. O PT não deve sucumbir à idéia, reiterada pela direita e pela mídia, da inexistência de uma “candidatura natural” para disputar as eleições 2010, nem à avaliação de que não temos uma candidatura com a mesma força eleitoral do atual presidente da República.
O PT é o maior partido do Brasil. Um partido capaz de reunir as forças necessárias para derrotar a oposição (PSDB-DEM). Um partido que possui vários quadros preparados para presidir o país e coordenar o governo federal, não apenas para dar continuidade às experiências exitosas do governo Lula, mas também para aprofundar as mudanças num sentido democrático-popular.
Esta condição foi construída ao longo dos últimos 27 anos, na organização partidária, na luta social e nas disputas eleitorais, entre elas as de 1989, 1994, 1998, 2002 e 2006.
Eleições presidenciais que disputamos com candidatura petista, em várias delas enfrentando e derrotando as avaliações negativas que os setores conservadores sempre esgrimem contra o PT e contra o próprio Lula.
A escolha de nossa candidatura à presidência da República exigirá muito diálogo interno, com os movimentos sociais e com os partidos de esquerda. Exigirá disposição de unidade e concessão. Exigirá, também, muita firmeza em torno de duas idéias fundamentais: a) é o Partido, suas instâncias e seus filiados, quem decide; b) disputaremos as eleições presidenciais de 2010 com uma candidatura petista, que encabeçará uma coligação política e social democrático-popular.
Os mesmos que profetizavam que Lula nunca seria presidente, os mesmos que dizem que Lula foi eleito apesar do PT, os mesmos que vaticinaram que o PT não sobreviveria à crise de 2005, estes mesmos hoje dizem que o PT terá que abrir mão de suas “pretensões”.
Não podemos vacilar nesta questão. Sem arrogância, sem exclusivismo, sem baluartismo, mostraremos que as “pretensões” do PT foram forjadas nas ruas e nas urnas, nas lutas sociais e na ação de governo, no apoio popular e na força eleitoral.
5) desenvolver a campanha por uma Constituinte restrita e exclusiva. O sistema político-institucional brasileiro está vivendo uma profunda crise. A imensa popularidade de Lula e de nosso governo não devem servir para ocultar o outro lado da medalha: a tentativa de transferir para o Judiciário atribuições do Legislativo, a desmoralização dos políticos e da política frente a camadas cada vez mais amplas da população, a promiscuidade entre interesses públicos e privados que é revelada a cada escândalo de corrupção, o péssimo funcionamento de instituições como o Congresso Nacional, a contradição entre os princípios democráticos e o papel cumprido pelo Senado etc.
O 3º Congresso fez este diagnóstico e apontou uma solução: a convocação de uma Constituinte exclusiva e restrita aos temas da reforma política. No PED 2007, os filiados ao PT devem ser chamados a assinar um projeto de iniciativa popular, em torno de uma Emenda Constitucional que convoque a população a decidir sobre a realização desta Constituinte.
6) o bom funcionamento da comunicação, o que inclui a página nacional do PT na internet e o sistema de comunicação entre os dirigentes, mas também a imprensa partidária. Trata-se de cumprir o que foi decidido pelo 3º Congresso, realizando a conferência nacional de comunicação do PT e lançando o jornal do militante petista;
7) o bom funcionamento da formação política, o que inclui melhorar o funcionamento da Fundação Perseu Abramo e criar a Escola Nacional Apolônio de Carvalho. O que supõe vontade política de injetar recursos financeiros nas atividades de formação;
8) o funcionamento regular das instâncias, com reuniões periódicas do Diretório e da Comissão Executiva; reuniões periódicas com as bancadas do PT no Senado e na Câmara dos Deputados; reuniões periódicas com os petistas que ocupam cargos de direção no governo federal; reuniões periódicas com o presidente da República e com os governadores petistas;
9) um relacionamento intenso entre o Partido e os movimentos sociais, não apenas através de reuniões e ações comuns, mas também através do bom funcionamento das secretarias e coordenações setoriais do PT. Neste sentido, a próxima direção deve investir na realização de grandes Encontros Setoriais durante o ano de 2008, bem como de um grande Congresso da Juventude Petista. E deve assumir que as políticas setoriais são um assunto de interesse de toda a direção partidária, não apenas de quem está à frente das respectivas secretarias e coordenações;
10) a transparência na condução dos assuntos do PT, desde as filiações –que devem ser feitas sob controle do Partido e não de tendências e mandatos parlamentares— até as finanças. Neste caso, é preciso introduzir o controle coletivo da Secretaria Nacional de Finanças e Planejamento. É preciso ampliar os recursos do Partido, que ainda sofre os efeitos da crise de 2005 e dos métodos de gestão que nos conduziram a ela. É preciso, também, incorporar métodos de gestão que afastem o risco das relações inadequadas com financiadores e da manipulação inadequada, inclusive para a luta interna, de recursos partidários.
11) uma direção socialista. Um dos melhores resultados do 3º Congresso foi a reafirmação do caráter socialista do PT. Um socialismo internacionalista, radicalmente democrático, ambientalmente orientado, baseado num desenvolvimento planejado e na coexistência de diversas formas de propriedade, com claro destaque para a propriedade social, pressuposto de que as riquezas produzidas coletivamente pela sociedade sejam apropriadas também coletivamente por todos e todas.
A reafirmação do caráter socialista do PT, mesmo que tardia, chega em tempo fértil. Não apenas pelo que acontece na América Latina, onde devemos seguir trabalhando em favor da ruptura com o neoliberalismo e apoiando aqueles processos onde esta ruptura se faz em favor do socialismo. Mas principalmente devido ao que está acontecendo no Brasil, onde seguimos enfrentando uma dura disputa contra a hegemonia das idéias e dos interesses neoliberais.
Existem no PT aqueles que pretendem enfrentar esta disputa contra o neoliberalismo, a partir de valores como a “ética”, a “cidadania”, a “república“ e a “revolução democrática”. Respeitamos os que pensam assim. Mas, de nossa parte, entendemos que tais valores não são suficientes para orientar a ação dos que querem, não apenas derrotar o neoliberalismo, mas também derrotar o capitalismo. Por isso, trabalhamos para eleger uma direção comprometida com a construção de um Brasil e de um mundo socialistas.
Estas são as idéias fundamentais da plataforma de nossa candidatura à presidência nacional do PT.
Muitos companheiros e muitas companheiras poderiam encabeçar esta plataforma e assumir a missão de dirigir o PT. Escolhemos para esta tarefa o companheiro Valter Pomar, um quadro que iniciou sua militância política no final dos anos 1970, como tantos outros: lutando contra a ditadura militar e aprendendo com a tradição marxista, socialista e revolucionária, a que segue ligado até hoje.
Filiado desde os anos 1980, nosso candidato militou em núcleos de base, foi dirigente municipal e estadual, desempenhando tarefas organizativas, de formação e comunicação. De 1997 até 2005, foi terceiro vice-presidente nacional do PT. Foi secretário de Cultura na cidade de Campinas (SP) de dezembro de 2001 a dezembro de 2004. Em 2005, disputou a presidência nacional do Partido dos Trabalhadores, recebendo 42.911 votos (14,6% dos votos válidos), não tendo ido ao segundo turno por apenas 279 votos. Desde 2005, Valter Pomar está à frente da Secretaria de Relações Internacionais do PT.
A eleição para a presidência nacional de um quadro partidário como Valter Pomar significará que a base do PT quer incidir mais fortemente nos rumos do próprio Partido, na tática para as eleições 2008 e nas características do segundo governo Lula. Sinalizará ainda, de maneira inequívoca, que nosso Partido quer continuar sendo um partido antiimperialista, antilatifundiário, antimonopolista, comprometido com a democratização radical da sociedade brasileira. Enfim, de que o PT quer continuar sendo o principal partido dos socialistas brasileiros.
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